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Românticos Anônimos: Um breve olhar sobre a impossibilidade de se relacionar

A partir do filme as autoras propõem reflexões sobre as dificuldades de se relacionar amorosamente por ansiedade, timidez ou vergonha e as possibilidades de superação através da psicoterapia individual ou em grupo.

Românticos Anônimos (Les Émotifs Anonymes) é um filme charmoso e divertido, perfeito para aquelas ocasiões em que queremos sair leves do cinema. Conta a história de Angélique e Jean- René, duas pessoas apaixonadas por chocolate. Ele, dono de uma fábrica de chocolates que já foi famosa e no momento está a beira da falência, ela uma especialista na confecção do produto.

Este é o pano de fundo para o principal tema do filme - a história de duas pessoas com transtorno ansioso social, cujo encontro, apesar de desejado, traz um sofrimento intenso. O diretor não faz uma análise dos motivos que levaram a impossibilidade do contato com o outro, somente lança um olhar sobre a história, sem qualquer julgamento, demonstrando um interesse particular nas formas encontradas para lidar com a questão. Jean- René procura um psicólogo e Angélique um grupo de apoio denominado emotivos anônimos. Fora deste espaço mantem um “distanciamento seguro”, mesmo das pessoas mais próximas, e todas as possibilidades de aproximação são vivenciadas com extrema ansiedade.

Alguns momentos divertidos do filme, quando eles tentam se relacionar, parecem exagerados e até impossíveis no mundo atual, mas infelizmente não são. A tensão gerada pela aproximação muitas vezes coloca tudo a perder. O que podemos considerar de forma apressada como algo cômico nada mais é do que um intenso sofrimento para milhares de pessoas. A incompreensão do mundo, o não saber lidar com a questão e a vergonha, levam ao isolamento, privando a pessoa de relações saudáveis e uma maior qualidade de vida.

No filme, o grupo de pessoas que rodeia Angélique e Jean-René são essenciais para ajudar o casal a lidar com o sofrimento. Nos Emotivos Anônimos ela consegue estabelecer contato, pois percebe que não é a única a sofrer - as pessoas se agrupam para obter apoio, mas principalmente pelo reconhecimento do outro. Jean- René, por sua vez, encontra no psicólogo cognitivo comportamental auxilio para conseguir uma integração social que seja feita de forma gradual e respeitosa com suas limitações. Talvez sem a rede de apoio não fosse possível o final desejado.

O filme trata com certa leveza sobre o tema dos transtornos ansiosos e talvez seja esse um bom caminho, pois muitas pessoas podem se reconhecer (ou conhecer alguém) naqueles personagens e perceber que o auxílio da terapia, seja individual ou em grupo, pode ajudá-las a lidar com o problema. Obviamente existem muitas questões associadas aos transtornos ansiosos e, em muitos casos, há necessidade de medicação, porém o essencial é procurar ajuda, não deixar que os sintomas determinem quem somos, levando na maioria das vezes ao isolamento.

Em uma cena Angélique dança e canta "I Have Confidence", famosa música do filme A Noviça Rebelde, que tem como estrofe a frase: “eu sei que no fim, eu confio mais em mim”. Talvez pudéssemos acrescentar que ela passou a confiar a partir da relação com o outro. Quando o contato foi feito e mantido, a esperança pode se manifestar.

A originalidade do filme está na solução encontrada por Angélique e Jean- René, principalmente na cena final. Os tratamentos e enfrentamentos não devem vir com a ilusão de que nos transformaremos em alguém totalmente diferente, mas sim que encontraremos formas criativas e assertivas de lidar com nossos sofrimentos sem deixar nossa essência, nossa personalidade escondidas sob o que consideramos ideal.



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