La Planète Sauvage - Animação de ficção cientÃfica calcada na psicodelia que faz viajar.
Assim como na maior parte da estética dos anos 70 assistir a La Planète Sauvage é como entrar dentro de um álbum de rock progressivo depois de tomar ácido. Calcado na psicodelia da década de 70 e com um “quê” de Salvador Dalà a animação é uma viagem completa, seja nas imagens, na trilha sonora ou mesmo na história, essencialmente uma ficção cientÃfica.
Do que trata a animação?
Em um planeta distante (Yagam) seres azuis gigantes, os Draag (sim, eu também lembrei de Avatar), tecnologicamente desenvolvidos e cuja meditação é parte essencial em suas vidas, oprimem humanos (chamados Oms), que são considerados animais inferiores.
Alguns humanos são usados como pets, animaizinhos de estimação, enquanto outros, os “selvagens” são caçados e exterminados como pragas, semelhante ao que fazemos com ratos, baratas, pombos e etc. Certo dia um destes humanos-animais de estimação (Terr) acaba por adquirir o conhecimento dos Draag e muda o fluxo dos acontecimentos.
Ao assistir a animação talvez você sinta um certo incômodo, como eu senti, pela forma como, muitas vezes, vemos tratar ou até mesmo tratamos os animais, considerados por nossa sociedade, assim como na animação, como seres inferiores e desprovidos de sentimentos elaborados.
Se por um lado a obra pode ter conotação ambiental, outras análises trazem relações ligadas ao contexto da época em que foi lançado, no caso a Guerra Fria. Segundo este ponto de vista, a animação dá a entender que duas forças só podem manter-se vivas se um acordo de respeito mútuo for estabelecido, o que corrobora com o conflito histórico entre Estados Unidos e Rússia.
A estética
O espectador pode até tentar identificar alguma coisa que ligue as plantas e objetos presentes na animação ao que conhecemos de nosso dia a dia, porém é tudo tão insanamente estranho que logo desistimos de tentar fazer tal paralelo. Neste ponto o melhor é nos soltarmos e desfrutarmos da animação, embalados pela trilha sonora de Alain Goraguer.
A técnica empregada é muito interessante. Em vez de usar o método tradicional de desenho sobre acetato os produtores utilizaram um processo chamado Animação de Recortes (Cutout Stop Motion).
Referência na animação adulta européia e baseada no livro de Stefen Wul - Oms en série, La Planète Sauvage, co-produção entre França e a antiga Tchecoslováquia, ganhou em 1973 o Prêmio Especial do Juri no Festival de Cannes.
Versão em francês com legendas em espanhol.
La Planète Sauvage
- Jean GUERIN - Som
- Joseph KABRT - Animação
- Roland TOPOR - Animação
- Joseph VANIA - Animação
- René LALOUX - Direção
- René LALOUX - Roteiro
- Roland TOPOR - Roteiro
- Alain GORAGUER - Música