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Dia mundial sem compras - 23 de novembro

Você já parou para pensar se o que você compra é realmente uma necessidade ou se foi o marqueteiro de plantão quem lhe convenceu disto? Qual será o impacto no planeta e no seu bolso ao fazer uma compra? Convidamos você a refletir sobre isto. Para muitas pessoas fazer compras de maneira descontrolada é mais um desejo de “tapar os buracos” emocionais ou estar de acordo com a última moda do que própriamente satisfazer uma necessidade real.

Não pensar se realmente precisamos do que estamos comprando, se vamos usar por muito tempo ou se foi o marqueteiro campeão de prêmios internacionais quem nos mandou comprar é uma forma de ignorância, ignorância no sentido de não refletir sobre toda a cadeia que gerou aquele bem, o quando foi retirado da natureza, muitas vezes de maneira irreversível, e o quanto o que estamos comprando agora tornará o amanhã privado deste mesmo bem e de muitos outros até mais importantes. Uma refexão mais detalhada nos fará perceber que as coisas não surgem do nada, todos os produtos são fabricados com matéria prima retirada de nosso planeta e o planeta não é infinito e nem seus recursos!

E você! Sabia que alguns materiais básicos para a fabricação de produtos já estão acabando como por exemplo o silício, que é usado na fabricação daqueles maravilhosos celulares que tanto as pessoas adoram, e mesmo a água doce, que está se tornando artigo de luxo em muitos países ?

Mal acabou o ano de 2007 e a humanidade já havia consumido mais recursos do que a terra é capaz de repor em um ano a meses atrás. Isto pode parecer meio sem sentido, “Imagina que besteira, como pode acontecer isto, a Terra é tão grande!”. Traduzindo em miúdos isto significa que em alguns anos é provável que você não conseguirá mais tomar aquele banho todo dia ou lavar suas roupas com a frequência de hoje, pois terá de optar entre estes e matar sua sede. A Terra não é tão grande quanto nossa voracidade pelo consumo!

Ir ao supermercado é uma experiência muito recente na história humana e ver toda aquela fartura alí, ao alcance da mão, nos dá uma falsa impressão que tudo que desejamos comprar nunca acabará. Basta pegar na prateleira, pagar o preço e ir embora.

O interessante é que um movimento, originado no templo do consumo, os Estado Unidos, está começando a ganhar adeptos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Este movimento, chamado The Compact, visa reduzir o volume de compras através da auto-conscientização de que uma grande parte das coisas que compramos é inútil e irá parar na lata do lixo, além de liquidar nosso dinheiro, poluir o planeta e acabar com os recursos naturais.

Os membros originais do grupo, professores, engenheiros e estudantes, realizam atividades muito interessantes como a troca de produtos e serviços entre sí, procuram reutilizar objetos já usados ou comprar em lojas de segunda mão ítens que não precisam ser novos. A utilização do dinheiro, por incrível que pareça, se tornou cada vez mais rara e ninguém reclamou por isto.

Mas os próprios membros do grupo sabem ser útópico eliminar 100% das compras, além de a curto prazo ser um desastre econômico que causaria muito mais estragos do que benefícios. A idéia principal é ser consciente ao adquirir produtos novos, comprar o necessário para nosso conforto e não ser um mero marionete das grande corporações que ganham rios de dinheiro as nossas custas, vendendo sonhos de consumo que apenas eles precisam, não nós.

Não esperem ver muita coisa sobre este dia na TV ou no rádio, já que os meios de comunicação vivem quase exclusivamente da propaganda de produtos em sua maioria supérfulos. Somente meios mais democráticos, como a Internet e o boca a boca, poderão divulgar tais idéias e você, que está lendo este texto, pode contribuir para isto.

Para concluir vale a pena citar o filme “The Corporation” (A Corporação) que mostra o quanto as empresas e os “marqueteiros” investem para doutrinar as pessoas a comprar desesperadamente à fim de manter suas mega fortunas. Enquanto isto os trabalhadores pobres, geralmente de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que são a mão de obra destas mega empresas ganham centavos por uma peça que pode ser vendida por centenas de dólares. E muitas ainda se dizem “bondosas” por darem oportunidades de trabalho.

O consumo exagerado, além de trazer graves consequências financeiras e para o meio ambiente, também traz consequências sociais e mesmo políticas muito ruins, já que grandes grupos financiam candidatos em países, compram políticos e etc., tudo para manter seus ganhos. É provável que se pararmos para pensar um pouco possamos descobrir que nós mesmos fazemos parte destes trabalhadores que são explorados pela mega produção predatória.

Temos uma grande resposabilidade no caos que se instalou e se realmente estamos minimamente preocupados com o futuro que deixaremos para nossos filhos, netos e mesmo para nós, não podemos jogar a responsabilidade para os outros. Nós mesmos teremos de tomar a dianteira. Podemos iniciar uma revolução silenciaosa sem disparar um único tiro, mas ela tem que começar primeiro dentro de cada um.

Por isso no dia 23 de novembro, dia mundial sem compras, procure fazer um exercício de resistência, provando para sí mesmo que é possível viver sem se atolar em compras.



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