Hortas Urbanas Comunitárias em plena São Paulo: resgate de espaços de cultivo e partilha de relações!
Viver numa cidade como São Paulo e buscar manter um certo equilÃbrio e qualidade de vida não é tarefa fácil, mas as vezes as soluções são tão simples que nos surpreendem.
O ato de cultivar a terra, plantar sementes e compartilhar os cuidados e seus frutos é ancestral. Sem o alimento e a união entre as pessoas a humanidade não resistiria.
O contato com a terra, a água, o Sol, as sementes, o acompanhar do crescimento de seus frutos, dividir os cuidados e compartilhar sua produção são atividades que trazem bem-estar e união entre as pessoas, além disto comer o que você cultivou tem outro sabor!
Para minha surpresa, ao caminhar pela Avenida Paulista, sÃmbolo de negócios da cidade, vejo na Praça dos Ciclistas, uma pequena horta, com ervas aromáticas. Algo simples e inusitado, mas com grande repercussão em mim. Pareceu que o tempo parou e o contexto da correria e trânsito cotidianos ficaram suspensos... De repente a velha divisão campo x cidade foi rompida!
Mapa de localização da horta
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Como pode uma pequena área verde no meio do asfalto e arranha-céus, em que pessoas em geral passam uma pelas outras sem se olharem, algumas sementes serem plantadas pela união de gente por um ideal?
Depois desta experiência, que deixou meus olhos mais apurados, comecei a perceber coisas que antes a correria desenfreada da cidade escondia de mim. Acabei encontrando a horta comunitária na Praça das Corujas, próxima da Vila Madalena. Um espaço organizado onde as pessoas se dividem nos cuidados de uma horta comunitária. O local é aberto a todos que queiram contribuir e colher com bom-senso. E o interessante é que a horta não é destruÃda, ela é de todos e todos cuidam dela.
Mapa de localização da horta
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Experiências como estas nos deixam perplexos, já que todos os dias somos bombardeados com notÃcias de corrupção, atos destrutivos, egoismo extremo, violência e muito pouco amor para com o próximo.
E engana-se que pensa que para criar uma horta urbana é necessário um terreno. Subindo pela Rua Dr. Homem de Melo, em Perdizes, me deparei com um carro velho que virou uma horta estacionada na própria rua. O que era uma sucata deu lugar a várias ervas e plantas variadas e ficou lindo.
Mapa de localização da horta
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Estas hortas são espaços onde se pode respirar, não por causa das plantas purificarem o ar, mas sim por ser um local onde é possÃvel o encontro entre as pessoas, o partilhar do cuidado e o compartilhar de seus frutos, bem como troca de conhecimento e ensino para as crianças sobre os cuidados com a terra, valorizando o contato com a natureza e com os outros. O espaço não é de ninguém, em geral são públicos, e por isso mesmo tratado com respeito por todos. Os ideais de sustentabilidade, de cultivo orgânico são vivenciados na prática o que mostra que é possÃvel convivermos com a natureza e com os outros de outra forma, ao contrário das notÃcias que são repetidas todos os dias.
As hortas comunitárias resgatam o contato com a natureza e ampliam as redes sociais e solidárias, resultando em saúde mental e harmonia consigo, com os outros e com o ambiente. São em si mesmas revolucionárias, pois são contrapontos às verdades cotidianas das grandes cidades.
Um projeto que apesar de não ser considerado uma horta comunitária, mas que é um exemplo muito interessante por parte da iniciativa privada é a horta urbana do Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo. Para resolver o problema do lixo orgânico gerado pelos restaurantes da praça de alimentação o superintendente do Shopping, Sergio Nagai, resolveu efetuar a compostagem do lixo e acabou por criar uma horta urbana no teto do shopping. Toda a produção é destinada aos próprios funcionários do Shopping.
Exemplos pelo mundo
São inúmeras as experiências com hortas comunitárias ou hortas urbanas e jardins comunitários pelo mundo.
Um exemplo bem interessante é este jardim criado no teto de um ônibus na Catalunha, Espanha.
Em Portugal a idéia começa a espalhar-se também. Em Lisboa um projeto pretende criar 130 hortas urbanas que fornecerão alimento a preços muito abaixo dos praticados no comércio.
Em Nova York hortas urbanas estão crescendo nos telhados dos edifÃcios no bairro do Brooklin. A empresa Bright Farms planta perto de supermercados, o que ajuda a encurtar o caminho entre a comida e os pontos de venda.
Uma cidade localizada no norte da Inglaterra chamada Todmorden criou o projeto “A incrÃvel Todmorden comestÃvel”. Este projeto utiliza toda a área pública do municÃpio para fazer plantações comunitárias onde qualquer morador da cidade pode colher alimentos gratuitamente. A cidade incentiva também as pessoas a ajudar no plantio e as crianças estão aprendendo desde cedo a importância do cultivo e da terra. São aproximadamente 40 hortas esplanadas pela pequena cidade de 17 mil habitantes. Todos os lugares disponÃveis são utilizados para plantar.
Além das plantações outro projeto na mesma cidade tem como objetivo a criação de galinhas.
Conclusão
Ao contrário do que possamos imaginar é possÃvel sim plantar e colher nossos próprios alimentos nas grandes metrópoles. Além do benefÃcio ambiental e social podemos também resgatar prazeres há muito esquecidos ou que nunca tivemos a oportunidade de experimentar.
Os verdadeiros prazeres não são caros... ser bem recebida na horta, sentir os diversos e surpreendentes aromas das ervas, trocar experiências e conhecimentos... reconhecer no sorriso de quem planta a felicidade da partilha!