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De quanta informação realmente precisamos?

Que atitudes podemos tomar em nossas vidas para que a sociedade da informação não nos engula? Esta pergunta foi feita para psicólogos pelo site Ser Melhor e suas respostas podem ser lidas neste artigo.

Introdução

A sociedade da informação chegou definitivamente e sua expansão se deveu indubitavelmente a Internet. Nela podemos encontrar praticamente tudo que procuramos; desde a nossa música predileta até aquela que apenas ouvimos quando eramos crianças, sem deixar de lado as novidades que sempre aparecem.

Hoje as pessoas fazem pesquisas na Internet sobre seus problemas antes de ir a seus médicos, a fim de verificar informações. As notícias podem ser consultadas diariamente sem a necessidade de se comprar um único jornal e sem se gastar praticamente nada, somente acessando portais online, blogs, rss, boletins informativos especializados e etc.

Fazer um curso agora não depende mais de se inscrever em uma escola física ou sair do país. Com alguma vontade se consegue aprender sozinho e de graça em redes sociais, utilizando cursos online ou simplesmente navegando.

Mas a sociedade da informação não se restringe apenas a Internet, apesar desta ser seu ícone. A TV (considerando-se suas óbvias limitações de programação), o rádio, as bancas de jornal, as inúmeras publicações altamente específicas e segmentadas para públicos que vão dos churrasqueiros de domingo até as pessoas que desejam decorar apertamentos de até 45m2 ou obter material especializado são outros exemplos de como a informação está disponível e relativamente barata, quando não de graça.

A especialização tornou nossa maneira de viver muito diferente, mais personalizada, tando na vida familiar, no lazer ou em nosso trabalho.

Porém, a Informação começa a nos cobrar um preço alto por tudo que tem nos dado. O que parecia um milagre, uma dádiva da dita “modernidade” vem mostrando seu lado perverso. Esta sociedade consome e produz informação em quantidades e velocidades tão assombrosas que não conseguimos mais acompanha-la. E a pergunta é: como nos mantermos informados com tanta informação (parece paradoxal, não é)? Que tipo de informação devemos assimilar e qual devemos descartar? Como podemos acompanhar os avanços e as novidades? Precisamos mesmo de todas as novidades?

A informação está não um passo além, mas sim uns quatro ou cinco. Ao mesmo tempo o “mercado” nos diz para sempre estarmos atentos a tudo, ficar “ligados”, “antenados” no que acontece se não podemos “ficar para trás”. Isto tem gerado angústia, depressão, ansiedade e etc. em uma quantidade cada vez maior de pessoas. Esta impotência diante do conhecimento tem gerado doenças de natureza mental e até mesmo físicas, pois ambas caminham, em muitos aspectos, juntas.

Com o intuito de tentar discutir este problema, o do excesso de informação, e de tentar trazer alguma luz a respeito do tema o site Ser Melhor consultou psicólogos e lhes fez a seguinte pergunta: “Que atitudes podemos tomar em nossas vidas para que a sociedade da informação não nos engula?”. Abaixo colocamos suas respostas para que você, leitor, possa refletir e até mesmo seguir suas dicas.


Respostas dos Psicólogos

 

Gabriela Malavazi

É verdade. Diariamente somos bombardeados por centenas de informações do específico ao geral de um assunto. Paralelo ao excesso de informações existe um apelo para a competitividade, para corrermos atrás de tudo, sermos empreendedores, ativos, espertos, senão morreremos na sarjeta da exclusão.

Esses são os valores do capitalismo. Mas, se pararmos um pouco para pensar, veremos que é impossível esgotarmos o conhecimento sobre qualquer assunto. Saber limites, trabalhá-los e aceitá-los é uma boa forma de contenção destas angústias.

Bem como saber filtrar o que realmente nos interessa para o momento. Aprendemos aos poucos, aliando informação com experiência, ou teoria com prática como dizem, não? A voracidade, a ansiedade por 'engolir' tudo ao mesmo tempo só pode causar indigestão. Há tempo para percebermos as coisas, aliarmos ao que sentimos e vivenciamos e aprendermos com a experiência. Vale o auto-conhecimento neste processo, inclusive se nos percebemos 'tomados' por esta ansiedade.

Que conflitos podem estar por detrás deste comportamento? Há momentos em que esta reflexão pode ser necessária e, se não conseguimos sozinhos, a ajuda de um profissional pode ser valiosa. Afinal, atenção e cuidado com as nossas atitudes são sinais de preservação das nossas vidas de forma respeitosa e saudável.


Valquiria Lis Shinkai

Informação. Dar forma, colocar na fôrma, criar, representar, esta é sua análise etmológica
Vivemos em fôrmas e tentamos insistentemente dar forma ás fôrmas que vivemos
Que atitude podemos tomar diante de tantas informações?
E diante de nós mesmos? de nossas próprias fôrmas?
Como fazer para que algo não nos engula, se nos engolimos o tempo todo?
Se mal nos digerimos, como digerir a diversidade, o conhecimento, a rede, a globalização?
Buscamos fora de nós. Respostas, novidades, inteligencia. Emoções. Sentimentos. Amor.
Algo que faça sentido. Que nos dê um sentido.
Conhecimento que nunca se transforma em sabedoria.
Mente que não se renova, não ousa, não cria.
Mente pequena que nos dá tão pouco.
Mente de fora.
Nada existe de fora para dentro, tudo existe de dentro para fora.
Não existe nem fora, nem dentro.
Somos o que devemos ser.
Somos o que precisamos ser
somos o fora e o dentro.
Somos a diversidade, o conhecimento, a rede, a globalização;
Somos tudo e tudo em nós se manifesta.
A informação está fora e está dentro
A mente cotidiana nos leva para fora, para a fôrma, para a massa, para a soberba
A grande mente nos leva para dentro, para o inter-ser, para a imensidão, para a expansão
Para um coração iluminado, que nos informa com sua grande sabedoria
O que realmente devemos saber.

Obs: fôrma foi acentuado para diferenciar de forma.


Marcos Braga

Alguém uma vez me disse: “Quando uma pessoa vai dormir e acorda no dia seguinte já está desatualizada em relação a qualquer assunto”. Talvez seja uma afirmação um pouco drástica, apesar de estarmos vivendo na Era do Conhecimento e a produção de informação está tão veloz que é praticamente impossível acompanhar o que há de novo.

O mercado de trabalho segue essa tendência, hoje as empresas de forma geral querem uma pessoa que conheça um pouco de cada assunto, ou seja, uma profissional que seja especialista na sua área e ao mesmo tempo conheça vários outros assuntos, como outras línguas, informática, etc. Porém, estar sempre atualizado não é fácil, exige tempo e dedicação; e aqui está o grande problema, o tempo para dedicar a produção de conhecimento, a maioria das pessoas acredita não ter essa disponibilidade, o que causa grande angústia e dificuldades de adaptação a essa nova era, parte do estresse que ocorre no ambiente de trabalho é devido ao medo de perder o emprego por se sentir ultrapassado ou pela competição para conseguir uma vaga melhor, que é destinada a quem está melhor preparado.

Uma sugestão para não entrar numa crise existencial por não conseguir saber tudo é priorizar aquilo que é mais importante. Não é possível saber tudo, porém alguns assuntos são importantes para cada pessoa e conhecê-los bem faz grande diferença. Outro ponto importante é garantir um tempo para o lazer, e também para o “ócio” como aponta Domenico de Masi no seu livro “O Ócio Criativo”.


Salete Monteiro Amador

Como tudo na vida, o desequilíbrio traz muitos males. É impossível acompanhar a tudo! Mas é possível estar bem informado naquilo que nos interessa, sem que isto nos prejudique.

Acho que em primeiro lugar devemos ter claro que áreas ou interesses nos agradam ou são fundamentais para a nossa vida e também para o trabalho que realizamos. A partir disto focar nesses assuntos sem se alienar de outros acontecimentos importantes para o nosso contexto de vida como notícias do bairro e cidade onde moramos.

Isto me faz lembrar do processo de memória de nosso cérebro. Ele está em contato com milhares de informações, mas só armazena na memória, por mais tempo, algumas delas, as mais indispensáveis (como nossa história de vida) e marcantes (como momentos com alta carga afetiva, seja de paixão ou de trauma). Para guardar novas informações o nosso cérebro faz uma seleção, dispensando dados antigos sem utilidade para nós. Assim, não lembramos de tudo o que nos aconteceu na vida com todos os detalhes, mas sim de situações e eventos mais importantes e indispensáveis para a nossa identidade.

Se nosso cérebro só armazenasse informações novas sem critério e não se desfizesse de nada então acredito que talvez enlouqueceríamos, perdidos num excesso de tudo.

Assim acho que o melhor caminho é o do meio: olhar para dentro de nós, escolhermos as informações que nos interessam (por prazer e por necessidade de atualização), o que é necessário para nossa carreira e para conviver num mundo que muda constantemente, sem com isto perdermos a nós mesmos, o contato com a natureza, amigos, estar em silêncio, etc.



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