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Um repórter na montanha mágica ou como a elite econômica de Davos afundou o mundo

Humor e denúncia regem este livro sobre como os mega ricos que anualmente encontram-se em Davos operam suas escusas máquinas de fazer dinheiro.

Andy Robinson faz um relato muito bem humorado - o famoso humor britânico - sobre os "Davos Men" (nome pelo qual designa os mega bilionários que frequentam o encontro de Davos, Suíça) e todo o ambiente que os cerca. O nome do livro, não por acaso, faz referência ao famoso romance de Thomas Mann, "A Montanha Mágica", que se passa na mesma localidade suíça do evento e cujo protagonista, Hans Castorp, pretende passar um curto período de repouso e tédio. A escolha do título é interessante pois, além da referência já citada, seu conteúdo também flerta com a obra de Thomas Mann ao fazer paralelos com a própria narração do livro, sempre com muita ironia. Este paralelo é reforçado no primeiro capítulo em que o autor apresenta os bilionários como se estivesse apresentando as personagens de um romance, citando seus nomes, sua fortuna e que tipo de atividades questionáveis se utilizam para aumentar suas fortunas.

Andy relata no livro os fatos que presenciou durante suas visitas como jornalista ao encontro e outras experiências adquiridas em suas investigações jornalísticas. Também procura desbancar vários mitos sobre os ricos de Davos e suas fortunas, mitos estes que soam como verdades absolutas e que são usadas por muitos para justificar atitudes, modos de pensar e influenciar.

Em sua crítica o autor não poupa ninguém, denuncia o filantropismo oportunista de muitos dos participantes do encontro, o cinismo, o jornalismo pelego que serve mais para massagear egos do que para informar, ataca personalidades da mídia que vendem meias verdades, acusa chefes de estado por suas macomunações com o poder do dinheiro e não poupa nem mesmo Lula e Dilma e seu modelo de capitalismo de estado para o qual o prefácio é dedicado.

Além de falar sobre os "Davos Men", Andy também dá um panorama sobre a história da criação do encontro, como um projeto 'visionário' transformou uma estância decadente de tratamento de tuberculosos no centro mundial do liberalismo. Fala também um pouco sobre o povo suíço e seus modos particulares, o que chama de 'política da boa vizinhança'. Traz também inúmeras curiosidades como a danças dos crachás coloridos, as manobras fiscais para evasão de divisas, como uma rede de fast food permaneceu na Espanha por mais de 10 anos sem apresentar lucros e de como uma província de 13 mil habitantes pode ter mais de 29 mil empresas registradas, sendo 500 multinacionais.

Um livro de denúncia que não criminaliza o status de ser rico, mas as maneiras amorais de o ser. A montanha 'mágica' pode ser vista neste contexto também no sentido de um lugar fora da realidade, em que homens falam sobre uma economia que beneficia apenas a eles mesmos.



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