Que tal um final de ano sem tantas cobranças ?
Nesse clima, é natural que as nossas percepções nem sempre sejam as mais acuradas, e assim, o que deixamos em evidência é o que não conseguimos concretizar, ou seja, a falta e o vazio dos projetos desprezados, não iniciados ou simplesmente que não deram certo.
Nos esquecemos e deixamos de valorizar todas as pequenas conquistas, alegrias e, por que não, tristezas, que nos fizeram repensar a nossa vida e que , muitas vezes, provocaram mudanças significativas.
Portanto, questionamos se essa é a melhor época para fecharmos para balanço. Não seria interessante descansarmos antes de fazer uma avaliação que poderia ser no mínimo severa demais conosco? Por que não podemos deixar para o próximo ano a tarefa de fazer uma avaliação de 2007 e, a partir dai, novos planos?
Talvez a tristeza que tome conta da maioria das pessoas nas festas de final de ano, não seja nada mais do que a melancolia característica do final de uma etapa, aliado a um julgamento severo de nossas “falhas” - dos nossos projetos não realizados.
O poeta alemão Rainer Maria Rilke escreveu para um jovem poeta o seguinte:
"...Também não se deve assustar, caro Sr. Kappus, se
uma tristeza se levantar na sua frente, tão grande como nunca viu; se
uma inquietação lhe passar pelas mãos e por todas as ações
como uma luz ou a sombra de uma nuvem. Deve pensar então que algo está
acontecendo em si, que a vida não o esqueceu, que o segura em sua mão
e não o deixará cair. Por que deseja excluir de sua vida toda
e qualquer inquietação, dor e melancolia, quando não sabe
como tais circunstâncias trabalham no seu aperfeiçoamento?”
Podemos então pensar diferente... se não concretizamos
determinados planos, talvez não estivéssemos realmente preparados
ou não aproveitaríamos como gostaríamos. Se deixamos de
realizar por preguiça ou falta de vontade, repensemos se aquilo é
algo a que queremos nos dedicar.
Finalmente, nunca deveríamos deixar para trás as pequenas coisas que fizeram nossa vida mais iluminada - conversas com pessoas com quem temos afinidade, um presente (tanto dar como receber), horas dedicadas a hobbies que adoramos, um trabalho bem realizado, uma aventura inesperada, ajudar alguém, surpreendermos-nos com nossas próprias atitudes e outras que só nós podemos saber.
Então, que tal terminarmos 2007 com a sabedoria ampliada por nossas
novas percepções?