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Ciúme excessivo: a doença no amor

Sentir ciúme é normal? Até que ponto apimenta a relação e quando começa a destruí-la? O ciúme é sem dúvida um dos problemas mais freqüentes nas relações amorosas. Recebo inúmeros e-mails, tanto de homens quanto de mulheres, na orientação psicológica que realizo neste site, sobre o tema.

Sentir ciúme é normal? Até que ponto apimenta a relação e quando começa a destruí-la?

Sentimos ciúme por que o outro dá motivos ou por que ficamos inseguros e com medo de sermos rejeitados ou abandonados?

Estas são algumas questões que pretendo explorar neste texto.

Antes vamos relembrar a música Ciúme da banda Ultraje a Rigor, que traz o conflito entre confiança/liberdade e desconfiança/controle, tão presente nas relações de amor.

Ciúme

Ultraje A Rigor

"Eu quero levar uma vida moderninha
Deixar minha menininha sair sozinha
Não ser machista e não bancar o possessivo
Ser mais seguro e não ser tão impulsivo

Refrão
Mas eu me mordo de ciúme
Mas eu me mordo de ciúme

Meu bem me deixa sempre muito à vontade
Ela me diz que é muito bom ter liberdade
Que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade"


Inicialmente fui buscar a origem da palavra ciúme. Ela vem do latim zelumen, que vem do grego zelus. Originalmente ciúme significa zelo e cuidado.

Todos nós já sentimos ciúme pelas coisas que gostamos (coleções de objetos, uma roupa, um brinquedo preferido) ou por alguém que amamos (pai, mãe, irmãos, amigos). Mas é nos relacionamentos amorosos que este sentimento é mais freqüente. Sentir ciúme pelo que ou por quem gostamos é normal, faz parte do cuidado, do querer bem e ser amado.

Dizem que um pouco de ciúme apimenta a relação. Acho que isto se refere a não sermos indiferente ao parceiro, nos importarmos com ele.

Mas o ciúme pode crescer, se descontrolar e tornar-se uma doença. A partir daí não há mais cuidado e nem zelo, mas sim controle e desconfiança. Isto, no meu ponto de vista, não é mais o amor, já que se perde o respeito pelo outro, fundamental numa relação.

Quantas vezes já não tivemos notícias ou até mesmo presenciamos cenas de brigas e até agressões. Pessoas que dizem amar o outro e que cometem atos irracionais, nomeados como ciúme, que colocam em risco a integridade física da outra pessoa, com ameaças, destruição de bens, etc.

Aí a relação vira um pesadelo! Não há mais parceria. O “ciumento” fica atormentado, sem paz. Quem não lembra do personagem, de Machado de Assis, Dom Casmurro. Ele vive um casamento infeliz pela desconfiança sobre uma possível conduta de traição de sua esposa Capitu, desconfia até se o filho é seu mesmo. Vive a vida casmurrando, casmurrando... Atormentado, perde a possibilidade de ter uma vida plena e feliz com a mulher e de se aproximar de seu filho. Sempre com a dúvida. E nunca conseguiu perguntar a ela a verdade.

Para resolver uma situação de desconfiança ou ciúme não tem jeito: temos que dialogar. Primeiro conosco mesmo: há motivos para esse sentimento? Será que estou num momento mais inseguro pessoalmente? E dialogar também com o parceiro ou parceira, contando como se sente em determinadas situações e buscando mudanças que procurem respeitar aos dois.

Se isto não resolver há duas saídas para duas situações diferentes:

Portanto, sentir ciúme faz parte das relações com quem amamos, mas temos que cuidar para que ele não passe dos limites e vire uma doença que destrói o amor e a nós mesmos.

O cuidado com o outro, a confiança e o respeito são os pilares de uma relação saudável e madura. O diálogo e o olhar para as próprias emoções e para as necessidades do parceiro ou parceira são fundamentais para que o ciúme e desconfiança não estraguem o futuro e felicidade de nosso relacionamento.



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