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O que é a Wikipedia

Provavelmente você já utilizou alguma vez a Wikipedia, mas você sabe como ela funciona? Tem idéia de quem escreve os artigos e se eles são confiáveis? Quem a criou e quem a mantém funcionando?

João aproximou-se receoso da mesa de seu professor e, com olhar fugidio, colocou o trabalho em cima desta, afastando-se o mais rápido possível. O professor agradece e olha-o com certa desconfiança: “Estranho...o João entregando algo dentro do prazo!?”

Imaginando que o aluno, pela primeira vez, havia empenhado-se em uma atividade de certa maneira alegra-se.

Assim que chega em casa o professor trata de dar uma rápida olhada no trabalho de João, antes mesmo dos demais quando se depara com algo estranho. Parece já haver lido em algum lugar as palavras de João em seu trabalho. Instintivamente o professor pega um trecho do trabalho e pesquisa no Google. Logo suas suspeitas são confirmadas.

O texto bate exatamente com o de João. Mais uma ou duas pesquisas comprovam que quase 100% do trabalho foi fruto da Wikipedia, copiado e colado.

É João, acho que você “dançou”!

A historinha acima parece boba mas reflete bem o motivo pelo qual muitos professores se negam, categoricamente, a aceitar que seus alunos utilizem a Wikipedia como fonte de consulta, o que considero, já adiantando minha opinião, uma atitude anti-produtiva ao extremo, pois a tecnologia não nos dá mais opção de retorno.

Fonte de consulta para estudantes do primeiro e segundo graus, graduandos, profissionais de todas as áreas e público em geral, a Wikipedia tomou proporções gigantescas desde sua fundação, em 2001. Não é a toa que em 2012 foi o quinto site mais acessado da Web no mundo!

A proposta deste artigo é dar uma visão geral da Wikipedia para que o leitor conheça melhor seu funcionamento. Adoto neste artigo a palavra “verbete” como definição a um artigo ou texto publicado na Wikipedia ou em uma enciclopédia convencional.

COMO NASCEU A ENCICLOPÉDIA?

O desejo de reunir todo o conhecimento humano em um único local, que pudesse ser facilmente acessível e de rápida consulta, é bem antiga, muito antes da era da informação que vivemos hoje.

Não se pode afirmar ao certo quando surgiu a primeira enciclopédia. O que existem são remanescentes do primeiro século Depois de Cristo, Idade Média e Renascença, porém a primeira enciclopédia considerada moderna, ou seja, abrangendo assuntos de diferentes áreas do conhecimento, só surgiu no século 18.

Porém os recursos foram sempre limitados, tanto no quesito humano, quanto no quesito do registro da informação.

Imagine como seria colocar em papel, pergaminho ou similares todo o conhecimento humano! Quantas toneladas de papel você acha que seriam necessárias para apenas uma enciclopédia? Imagine-se indo para o trabalho, faculdade ou colégio levando, junto, um carrinho de mão com todas as suas páginas (quem é da época da enciclopédia Britânica e Barsa sabe do que estou falando!).

Absurdos e piadas a parte, outro problema fundamental seria: “o que colocar na enciclopédia?“

A pergunta parece tola em princípio, mas não é, isto porque, obviamente, não podemos colocar TUDO que queremos já que, neste caso, nem todo papel do mundo seria suficiente para tal.

Assim nos vemos obrigados a limitar a quantidade de assuntos, filtrar entre colocar um verbete sobre “A Revolução Farroupilha” ou “Os presidentes da associação comercial de Xabúle do Sul”.

Porém, com o advento da Informática e, posteriormente, da Internet, ambos os problemas pareciam solucionados (pelo menos em tese), pois o registro do conhecimento poderia ser concentrado em um “único lugar”* e a disponibilidade de pessoas contribuindo para aumentar o conhecimento ficaria limitado apenas ao acesso a um computador, o que atualmente é algo relativamente fácil.

Neste novo cenário “A Revolução Farropilha” e “Os presidentes da associação comercial de Xabúle do Sul” podem conviver juntos e felizes! Perceberam a importância deste fato?

*na verdade não é bem assim, pois a informação em si está espalhada em vários computadores/servidores, porém os sistemas que consultamos nos dão a impressão de que ela está em um único lugar.

UM POUCO DA HISTÓRIA DA WIKIPEDIA

Acho que o primeiro alerta relevante a se fazer aqui é que WIKIPEDIA e WIKILEAKS não são a mesma coisa! Wikipedia é uma enciclopédia livre online, Wikileaks é um grupo de pessoas que tornam públicos documentos secretos obtidos das mais variadas formas.

A palavra Wiki tem por significado algo “rápido”. Se pudéssemos resumir o espírito da Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/) em uma frase ela certamente seria: “democratização do conhecimento”, tanto em sua produção, quanto em sua consulta.

A idéia da Wikipedia é fantástica, pois visa distribuir informação e conhecimento sem as amarras de grandes corporações. Ela também possibilita a publicação em línguas regionais ou dialetos, que não teriam espaço em uma enciclopédia convencional (como Fiji Hindi,Urdu,Javanese, etc), além de dar voz às pessoas com grande conhecimento, mas que dificilmente teriam acesso pelos meios tradicionais.

A Wikipedia nasceu em 2001 e teve como um de seus fundadores e principal figura em sua divulgação (garoto propaganda) Jimmy Wales. Wales já havia tentado anteriormente criar uma enciclopédia livre, porém mais acadêmica e a idéia acabou não vingando pois, segundo ele mesmo, ela não era tão legal.

A idéia, como já citado, era a democratização da informação, em que o conhecimento pudesse ser produzido por qualquer um e distribuído a todos. O projeto começou muito pequeno, com poucos recursos (muitos destes vindos do próprio bolso de Wales) e apenas um servidor. Segundo o próprio Wales o “estouro da bolha” na Internet e a crise das .com no final dos anos 90, foi uma das principais incentivadoras do projeto, pois como os recursos eram escassos e o dinheiro não jorrava de investidores, tudo foi feito com muita parcimônia e baseado em um modelo mais livre.

O sucesso foi enorme e logo a Wikipedia já requeria mais servidores e em pouco tempo tornou-se um dos sites mais acessados, figurando em 2012 entre os 5 mais do mundo. Hoje existem oficialmente 285 línguas (18 março de 2013) com 25.597.768 artigos (18 março de 2013), sendo o inglês a mais utilizada (4.188.013 verbetes em 18 março de 2013).

O advento da Internet já havia, de certa forma, “prejudicado” as tradicionais enciclopédias, mas a Wikipedia veio colocar ainda mais terra sobre as mesmas, pois não era mais necessário circular tanto pela rede em busca da informação (tudo estava na Wikipedia) e nem pagar pela mesma, através das enciclopédias tradicionais.

Porém nem tudo são flores! Com o sucesso vieram também não só colaboradores e entusiastas mas também, como é óbvio, críticos e detratores, alguns com certa razão, outros com nem tanta.

QUEM É RESPONSÁVEL PELA INFORMAÇÃO?

Podemos então nos perguntar: mas quem é responsável pela informação, ou seja, se houver um erro em um verbete quem se responsabiliza por isto já que qualquer um pode incluir ou edita-los? Erros em enciclopédias convencionais podem ser atribuídas ao seu editor, mas em uma enciclopédia em que todos podem editar “livremente” as coisas ficam bem mais complicadas.

Este é um dos aspectos em que os críticos se apegam muito fortemente pois, segundo eles, o fato de qualquer um poder editar qualquer verbete faz com que a informação perca sua credibilidade. Como qualquer pessoa pode editar verbetes na Wikipedia, uma informação, inicialmente correta, poderia ser atualizada com uma nova informação incorreta ou até mesmo tendenciosa.

Por este ponto de vista podemos dizer que a resposta para a nossa pergunta do início deste tópico, “quem é responsável pela informação?” , teria como resposta:  “o responsável é quem está pesquisando, utilizando a informação para seu trabalho”. Isto porque, dado o conhecimento de como funciona a Wikipedia, passa a ser um dever checar as informações (falaremos sobre isto no próximo artigo).

Os crítico também dizem que a Wikipedia destrói a noção de verdade, pois como cada pessoa pode editar o que uma outra anteriormente publicou, a verdade acabaria sendo “a verdade de cada um”, abolindo assim o conceito de uma verdade absoluta. Por outro lado, alguns especialistas no assunto afirmam que “realmente existem muitas verdades e que é a discussão sobre as diferentes verdades que gera o conhecimento”

Estes argumentos, em princípio, são interessante mas vão muito além de nossa proposta aqui. Acredito que ele mereça uma discussão a parte em outro artigo, porém acho interessante citar o fato de que, ao consultar a Wikipedia, estamos simplesmente trocando a verdade de apenas um editor, dito oficial, pela verdade de várias pessoas, diríamos assim, "não oficiais". Será que existe uma melhor do que a outra? Considero, nesta argumentação, que todos possuem boa fé no que afirmam. É algo a se pensar!

Apesar das criticas sobre a qualidade dos verbetes e vandalismo praticado por alguns, Wales afirma que o percentual de pessoas que utilizam a enciclopédia de forma inadequada é muito menor do que se imagina.

Mas a Wikipedia não está à deriva neste grande mar de incertezas. Ela conta com os chamados “guardiães”, pessoas com alta reputação dentro da comunidade da enciclopédia e que possuem o poder de aceitar ou recusar inserções ou atualizações e até mesmo bloquear usuários, que considerem prejudiciais para o bom funcionamento do sistema. Além dos “guardiães” também existem ferramentas para melhorar a qualidade das informações, seja caçando vândalos, seja ativando robôs que corrigem automaticamente alguns tipos de erro, como os ortográficos, por exemplo.

A Wikipedia também conta com um histórico de atualizações. Todas as entradas de cada verbete são gravadas, criando assim um histórico que pode ser consultado por qualquer um. Isto permite também que uma atualização incorreta ou mal intencionada possa ser revertida com facilidade.

CONCLUSÃO

A Wikipedia tem atraído críticas de muitos lados desde seus primórdios, porém considero grande parte da polêmica besteira, pois é ela uma ferramenta importantíssima para o crescimento do conhecimento e que, com alguns cuidados, trará sempre grandes benefícios.

Vejo muitas das críticas da mesma forma que foi com a transição do rádio para a TV ou do cavalo para o automóvel, tentativas infrutíferas de deter a evolução tecnológica.

É como citei no início do artigo sobre a anti-produtividade em não se aceitar sua utilização para o aprendizado. O que falta efetivamente, em minha opinião, é a orientação correta, o que muitas (ou mesmo creio que na maioria das vezes) é completamente ignorado. É mais fácil proibir do que orientar ou criar novas formas de utilizá-la como, por exemplo, formar grupos de estudo que criem ou atualizem verbetes da Wikipedia. Esta seria uma idéia interessante, pois cria a noção de trabalho em grupo e, além disto, estimularia os alunos, tornando visível para o mundo todo seu trabalho.

Acredito que o grande problema da informação livre e, mais especificamente, da Wikipedia, está fundamentalmente nas pessoas e não em sua concepção. Nas pessoas pois são elas, em última instância, que incluem informação e que também a consomem, porém, da mesma forma, acredito que são as pessoas que trarão uma solução para os problemas e não novas ferramentas.

Sendo assim cabe a você, leitor, pensar por si próprio e utilizar de forma correta as informações que encontra, estejam elas na Wikipedia, estejam em qualquer outra fonte pois, em princípio, seja informação livre, seja informação “paga”, quem as edita e publica são pessoas e as pessoas possuem interesses e defeitos.

A Wikipedia é um instrumento democrático! Desfrute dela!



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