A saúde emocional da famÃlia mediante um doente na residência
Temos ouvido muito sobre saúde emocional para lidar com situações difÃceis.
E falando sobre doença na famÃlia, temos observado o quão difÃcil é para um familiar lidar com essa situação de forma amena, sem trazer consequências para sua saúde mental.
O momento de investigação e descoberta de uma doença dentro de uma famÃlia, talvez seja a hora mais crÃtica e assombrosa de uma casa, visto que você se depara com uma insegurança imensa em relação a vários aspectos.
Dentre eles o mais significativo, é o questionamento que vem à cabeça. Será que irei dar conta?
Quando alguém está doente e necessita de uma internação hospitalar, a famÃlia tem que se estruturar mediante aquela nova situação, visto que muitas vezes as pessoas se revezam no acompanhamento desse doente. São noites mal dormidas, não existindo assim a liberdade de ir e vir, dependendo muitas vezes da ajuda de um outro familiar de fora para poder se alimentar, e realizar as tarefas mais simples como por exemplo, tomar um banho tranquilamente.
E muitas vezes quando existe a possibilidade de troca com uma outra pessoa, aquele que estava há dias internado junto com o doente, tem a liberdade de sair do hospital, respirar outro ar, descansar, ver outras pessoas e estar em outro local que não seja aquele ambiente hospitalar, com a pessoa doente.
Mas como fica quando aquele doente vai para casa, recebe alta e o cuidado passa a ser integral dentro do seu lar?
Em qual momento podemos e devemos solicitar ajuda de um outro que não seja alguém da famÃlia?
Na cabeça da maioria das pessoas, solicitar essa ajuda é inimaginável, pois toma-se para si a responsabilidade de toda a situação. E assim a famÃlia toda passa a se estruturar para criar uma rotina, que sabemos que será árdua e pesada para uma única pessoa.
A rotina dessa residência inicia com muitas responsabilidades e muitas vezes o foco principal é o doente e nunca pensamos na situação do familiar que está cuidando desse enfermo.
Como fica a saúde mental dessa pessoa que muda completamente a sua rotina diária e não tem mais a condição de ter a sua liberdade e seus costumes diários que foram completamente atingidos pela situação?
A rotina dessa famÃlia é drasticamente atingida, e esse cuidador passa a dispor integralmente de sua atenção voltada a esse doente.
As emoções são completamente afloradas, surgindo agora a necessidade de provar que ele deve fazer e dar o melhor de si para aquele familiar. Onde muitas vezes mesmo sem perceber, ele inicia uma jornada de responsabilidades e muitos não pensam na possibilidade de dividir as tarefas com outra pessoa.
Há uma cobrança intrÃnseca, que ele é o dono da situação, que ele não pode ter outras responsabilidades, que ele deve se dedicar integralmente aquele doente, por mais difÃcil que possa parecer.
Até que ponto um ser humano está apto para carregar esse turbilhão de sentimentos e de responsabilidades que lhes foram dadas?
São frustações pelo apoio muitas vezes imperfeito, ou pela própria abnegação de seus projetos e desejos que são adiados, para que naquele momento somente o doente tenha atenção e dedicação.
Trabalhar a saúde mental, muitas vezes parece difÃcil, mas nesse momento torna-se extremamente necessário esse desenvolvimento para conseguir obter sucesso, nesse processo que parece por vezes longo e doloroso.
Aceitar a situação, já é um grande avanço nessa jornada. Muitas vezes ocorrem a troca de papeis, principalmente quando falamos em um idoso. Chega o momento de encarar que quem cuidou a vida toda, hoje necessita ser cuidado.
Podemos dividir essa tarefa, com um outro familiar, ou até mesmo com um cuidador formal, e continuar exercendo sobre esse doente, o mesmo sentimento de amor e dedicação, porém sem tantos esforços fÃsicos e mentais. Dividir essa responsabilidade, principalmente fÃsica, já alivia a dor e o sofrimento desse parente.
Ter um momento de lazer, de autocuidado, de atenção a outros membros da famÃlia, não significa abandono, nem desprezo ao seu ente, significa que você precisa de novo ar, novas perspectivas para dar continuidade a esse trabalho árduo de CUIDAR.
Procuramos levar em consideração que a nossa casa é um refúgio, aconchego e tranquilidade, porem com a sobrecarga do ato de cuidar, ela se torna um lugar cansativo, sem opções de sossego, e muitas vezes esse cuidador passa a viver isolado de sua famÃlia, amigos e da sociedade, pois seu único objetivo nesse momento, é atender o doente necessitado e deixar assim de ter lazer e contato com outras pessoas.
O mais importante nesse momento é ter uma pessoa que possa orientar a famÃlia e principalmente esse cuidador, que ele deve procurar outras pessoas para poder dividir suas angustias, duvidas, medos e inseguranças. De preferência sendo um profissional, capacitado para que possa orientar e com um preparo técnico dar suporte e promover uma ajuda.
Um estudo realizado pela Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, confirma a ideia que um doente em casa, causa uma desorganização enorme na vida familiar, e que existe um desgaste imenso mental e fÃsico nesse familiar, e mais de 50% dos entrevistados, demonstram que se abdicam de suas vidas pessoais e que sofrem uma pressão enorme em relação as suas obrigações nesse cuidado. Onde nesse momento, os sentimentos são diversos, indo de pena até raiva.
Sendo assim, entendemos que Cuidar, significa renunciar a si mesmo e as suas vontades, mas se na hora certa buscarmos ajuda de um profissional, podemos assim trazer um alivio imenso para esse familiar, onde ele certamente recebera orientações e ajuda para o seu Auto Cuidado.